Thursday, June 26, 2008

De um dia pacato à Mestria.

O dia de segunda feira…um dia pacato, sem treino pois tínhamos de resolver mais alguns pormenores com o departamento de material da casa central.

Passámos a manhã a rever encomendas, a tratar dos detalhes, etc…

O normal.

A parte da tarde foi passada no hotel e numas lojas aqui ao lado para comprarmos os mantimentos necessários até ao final da semana, contando dólar a dólar já que o plafond estipulado já bateu no “fond”.

Enfim…um dia rotineiro, por assim dizer.

E, tal como qualquer outro dia, tínhamos de ir jantar. Viemos para o hotel buscar o Mestre Samaniego e fomos jantar ao centro.

O Mestre tem passado por um treino intenso, jejuando e vivendo o esforço no seu limite.

E foi essa experiência que ele quis nos passar, transmitindo-nos algumas introspecções que tem tido ao longo do tempo e, no fundo , aquilo que acredita ser o verdadeiro caminho do Mestre. ~

e aí chegou o Mestre...


O Mestre Samaniego falou com simplicidade, lembrou-nos que a verdadeira função de um Mestre é de viver em comunhão com os que o rodeiam, de dar um pouco de si em tudo o que vive, de viver com intensidade, aprender como se nunca morresse e viver como se morresse amanhã, é de partilhar o que sabe, é de encontrar-se espiritualmente, de crescer e de sorrir todos os dias…é de ser feliz…deixando os outros felizes consigo.

Sim, é verdade. Nada disto é novo. Já todos o ouvimos…porém, não sei até que ponto é que alguém já o sentiu de verdade.

Ao ouvir o Mestre, senti-me a pairar por algum sítio que hoje ainda não consigo explicar. Não era apenas ele que falava…era algo de maior, era algo a que ele tivera acesso e que conseguia estar ali a transmitir-nos por palavras simples e humildes. Tão simples que cada uma delas ecoava no nosso interior, vibrando por todos os níveis da nossa consciência, batendo-nos em cantos e recantos do nosso interior até se instalar em nós como uma mão pousada na alma.

Eu apenas ouvia, apenas saboreava a sabedoria e mantinha-me receptivo na esperança de absorver o que me seria permitido pela minha própria estrutura.

E ouvi…

A pouco e pouco ia-me sentido mais calmo, mais centrado, mais focado, expandindo-me por aquele local e sentindo aquilo que o Mestre tão simples e docemente queria transmitir.

No final, levantámo-nos e eu mantive-me mudo, desconhecendo o que, realmente, me tocara. Sabia que era algo de grande pois o meu coração sentia-se, genuinamente, pleno.

Deixei-me ficar para trás, abrindo as portas para o que me invadira tão fortemente. Aquela suavidade sentida era de uma beleza tão incredulamente nuclear…

Então chorei…deixei escorrer as lágrimas pela cara sem preconceitos. Chorei de alegria e de tristeza, chorei por ter sido tocado por algo tão delicado que alguém comum como eu não poderia esperar sentir, chorei pelo caminho que me levou até ali…chorei por ter visto o que a vida tem para dar…chorei.

O Sr. Saragoça, deu um abraço e, junto com o Sr. Valle Domingues, agradecemo-nos mutuamente por tudo o que nos fez chegar ali.

Saí deste dia pacato com uma experiência que poderia preencher uma vida.

Obrigado Mestre Samaniego,

Obrigado Sr. Reyes (para mim, um Mestre, sempre),

Obrigado a todos os que encontrei neste caminho até agora,

Obrigado aos meus queridos alunos,

Obrigado.

1 comment:

Anonymous said...

Obrigado por esta partilha diaria Tanger. Tenho acompanhado atonito as magias desta experiencia.
Desde ja, e tao distante, comecas a despertar nova maturacao deste lado luso. Parte de mim estar' contigo no ringue ! lembra disso !