Wednesday, June 18, 2008

O cansaço....







Finalmente, viemos para o hotel descansar. Neste momento, o Pedro Reyes e o Pedro Saragoça dormem profundamente a sua “soneca”…foi o clássico: vou só fechar aqui os olhos por um bocadinho…já lá vão uma hora e meia! O Saragoça ressona!

Primeiro dia de treino























Chegámos à Casa Central (Headquarters) e demos uma volta ao Museu que têm na recepção. Pouco tempo depois fomos assistir a um treino que estava a decorrer. Era o treino dos funcionários administrativos da Casa Central, o qual é obrigatório!















Depois treinámos um pouco os 3 (Pedro Reyes, Pedro Saragoça e eu). Parecia que tínhamos uns troncos no lugar das pernas, uma flexibilidade de ferrugem e uma concentração de bolha de ar. Só coisas boas, sabendo que íamos treinar com os Chief Masters…

Pelas 10 horas chegou o Mestre Abair e estivemos a matar saudades e a falar um pouco sobre tudo e mais nada. (para quem não sabe, o Mestre Abair foi quem nos deu instrução no European Camp, na Suécia, o ano passado. Ele é vice-presidente da Instrução a nível mundial).










Depois de uma volta de reconhecimento às instalações, fomos ter com o Chief Master Mal Kun Lee (8º Dan, Presidente da Instrução a nível Mundial e membro do Conselho de Mestres do Taekwondo Songahm).

Entretanto passa o G.K.Lee por lá e tal…

Fomos, então, treinar com o Chief Master Mal Kun Lee! Duas horas de treino que me fizeram sentir como se nunca tivesse feito Taekwondo na vida!

Ele deu-nos mais umas dicas em como ensinar melhor: usar plastrons para tudo, explicar a aplicação prática de todas as técnicas, ensinar as técnicas da pumsae na sua aplicação prática para a competição de combate e, no fundo, treinar a pumsae de todas as formas possíveis por forma a ensinar tudo o que o Taekwondo Songahm ensina (defesa pessoal, combate, rotura de madeiras, etc…)


Terminado o treino fomos almoçar…

Com o Grão Mestre Soon Ho Lee!

Não sabia bem como me haveria de comportar, se com total humildade (cabeça baixa e só falar quando interpelado) ou mais extrovertido e mostrando um pouco de nós.

Sim…a resposta é óbvia.

Pouco tempo depois lá nos riamos e ainda tivemos oportunidade de falar do futuro do Taekwondo Songahm em Portugal e na Europa (Criação de federações etc…).

O Grão Mestre achou óptimo eu ser colaborador da Abreu Advogados pois o registo de patentes e de propriedade intelectual é sempre importante para a implementação de um projecto destes…eu também achei óptimo que ele se interessasse!

De volta do almoço, passámos pelo Hotel para descansar 20 minutos e lá nos equipámos novamente para ir treinar com o Grão Mestre.

Tivemos o privilégio de ir treinar para a Sala da disciplina, a sala onde o Eterno Grão Mestre se treinava e treinava os seus alunos mais próximos. Foi lá onde tudo começou.

Treinámos durante quase duas horas e fomos corrigidos em muitos pormenores técnicos, tal como: o pontapé lateral, as marcações, a execução da defesa alta e da defesa baixa, as repreparações dos pontapés.




O Grão Mestre deixou clara a sua mensagem, querendo que nos especializemos numa técnica ou numa coisa qualquer que achemos que merece o título de Mestres….Assim o faremos.

No final, fomos até ao seu escritório e cada um de nos teve o privilégio de receber um vaso com uma caligrafia do Grão Mestre. Digo que é um privilégio pois ele apenas costuma oferecer este tipo de “lembranças simbólicas” aos Mestres.

Após um Poster assinado e os devidos agradecimentos, fomos tratar de encomendar os nossos doboks.

Jet Lag

Acordámos às 4 da manhã…

Uma granda jola!!





Depois de 20 horas em viagem, horas à espera do carro, bla bla…queríamos uma jola!!

E assim fomos ali a um sítio cujo nome desconheço e bebemos duas cervejonas cada um!

Quem nega que uma cerveja gelada não faz bem?

Bem me parecia…

Viemos de lá com uma nota de 1 dólar assinada pelo “Nat” com a inscrição: “Welcome to the USA!”.(para quem não sabe, o povo americano é mesmo muito simpático e hospitaleiro).

Tirámos uma foto com a Cármen, a barmaid locar e uma risota de pessoa!




e com mais uma ou duas...
dormimos que nem bébés…

Chegada à Casa Central



Não resistimos e fomos até à Casa Central (Headquarters) só para tirar uma foto!
Pedro Tânger e Pedro Saragoça

O HOTEL




...simplesmente, NO COMMENT!


Beira de estrada, gerido pelo Mr. Patel, do Gujarat, cheiro a mofo e clientes duvidosos.

Enfim…

Já trocámos de quarto duas vezes devido ao barulho. Agora estamos no quarto 128, caso alguém queira ligar para o KNIGHT’S INN em Little Rock!

Mas tudo bem…faz parte. Um dia ficarei no Peacock ou no Hilton aqui da zona.




PS: não imaginam o cheiro a caril que a recepção me proporcionou! Rico em especiarias variadas e a coisas que eu nunca consegui perceber mas que fazem o massala ser encarnado. Cheira a isso tudo e assim mais qualquer coisinha querida e pirosa.

Diferenças culturais


“É pá…tenho de me lembrar que isto está em milhas…”






(estávamos a 110 mph contentes da vida…)

Técnicas comerciais menos claras

USA = comércio.

Tudo bem.

Menos quando a reserva pela Internet me diz que vou pagar 450 dólares por um carro e, assim que chego ao guichet me dizem:

Esse valor não inclui:

-seguro
- gps
- taxa de qualquer coisa
- outra coisa que não percebi mas que me pareceu importantíssima na altura

Basicamente, a conta ficou em 893 dólares.

Sim…o DOBRO!!!! Fiquei escandalizado mas a única reacção que tivemos foi:

“éeeeeee páaaaaa…., o quê??? 900 dólares??..fod….isso é muito dinheiro! estes gajos…éeeeeeeeeeeee páaaaa….”

E repetimos isto umas vezes.

A cabeça não dava para mais.

Boa notícia: não havia carros económicos e deram-nos um SUV tamanho família pelo mesmo preço. Cruising!

Elvis!


Este foi O momento da passagem pró Memphis. Pois é, tinha de cumprimentar o KING!

(o estado de turista permite-nos ir directo ao que nos dá gozo sem nos perdermos nas múltiplas consequências nefastas que isso nos pode, i.e., liberta-nos do medo do ridículo. Bendita liberdade!)

O Bafo:

Está um bafo em Little Rock! 35 graus e mil por cento de humidade…faz-me lembrar os tempos de Goa…

A música na viagem

A ir para Amsterdão relaxei a ouvir o Sound Track do filme “Amélie”, composto por Yann Tiersen.

Para mim, “Le moulin” é a expressão da emoção melancolicamente cristalina da alegria por compreender. Sublime.


Na viagem entre Memphis e Little Rock não resisti em ouvir um pouco de casa e fechei os olhos à voz coloridamente potente de Mariza.

Gente da minha terra e Maria Lisboa aconchegaram-me por uns instantes que pareciam dilatar-se em mim. Foi uma massagem ao corpo cansado e à mente que já nem conseguia brincar.

Mas o que não dá mesmo…

É sentir-me uma lata de sardinha durante 9 horas!

Qual sardinha? Eu era um grão de milho naquelas latas pequeninas!

Doíam joelhas, costas, cabeça…até o cabelo me doía!

Mas aproveitei para ver o 10.000 A.C (parece um livro do Paulo Coelho, cabalístico, o herói que se procura, etc...), o Cat Woman (triste) e o Cars (muito bom!).

A viagem interminável

Então vejamos: Lisboa – Amsterdão : 3h
3 horas em Amesterdão
9 horas de Amesterdão a Memphis
3 horas em Menphis
35 minutos até Little Rock!


Primeiro problema: o meu medo perfeitamente ridículo de andar de avião!

Tudo bem, se cair caiu mas não me façam é passar pelo espaço que separa a hipótese de queda e a queda em si!

O momento que mais me assusta são as ideias que me assombram quando me sento naqueles bancos. Sento-me, friamente calado e começo a observar as asas, os parafusos das asas, as cores das tintas, os parafusos do corredor, os encaixes dos bancos e tudo mais o que seja observável. Então o avião começa a andar e aí começo paranóico com os barulhos.

Enfim…fico doente com o que não acontece mas com tudo o que projecto, magico e mastigo mentalmente.

È interessante como a nossa mente nos pode prender cadavericamente nos seus meandros. Mais curiosa ainda é a nossa capacidade de nos apegarmos a essa prisão.

Então lá estou eu a nadar na maionese, alegre e entretido com o meu próprio inferno.

No momento da descolagem suo das mãos.

Acalmo quando o avião estabiliza, isto, claro, se não me deixar levar por outros pensamentos igualmente destrutivos.

A verdade é que todos temos uma capacidade infindável de pensar a desgraça mas uma incapacidade esgotante de projectar o sucesso! Pensamentos negativos e destrutivos são apenas muletas para as nossas inseguranças. O meu estado de medo é simplesmente a forma que eu tenho para não me conformar com a inevitável falta de controlo sobre o meu presente (faz-me lembrar aqueles que passam o tempo todo a travar no lugar do “morto”).

Enfim…é sempre um sofrimento mas, para variar, acabei por ir descontraindo ao longo da viagem e relaxando a minha vontade omnipotente de querer controlar o avião.